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29 de agosto de 2012

Mar de conhecimento sem fim


Uma amiga no México costuma dizer: "O amor? AH... Sei lá!". Agora eu sempre digo "O México? AH... Sei lá!". Quase um mês em terras da Tequila e eu já me sinto mexicana (arribaa!). Agora sim as coisas estão entrando em seu devido lugar.

Tenho companheiros que já considero uma família. A gente ri, chora, briga, se acerta e cuida um do outro. Passei por problemas que nunca pensei que fosse passar. No final, tudo dava certo. Deus está olhando pro México, tenho certeza.

Obrigada México, pela sua cultura diferente. Seus costumes, manias, jeito de ser. Não muito obrigada pela distâncias entre as Pirâmides de Teotihuacán, mas mesmo assim valeu a experiência de uma história tão única. Obrigada mais ainda pelo passeio a Xochimilco, aqueles barquinhos coloridos - que são minha cara, vale ressaltar - foram inesquecíveis. Mas, de todo o meu coração (adoroo ser brega), o meu maior OBRIGADA pela viagem a Mayto. Uma praia no meio do nada, mas que guardou em mim lembranças inesquecíveis. Uma dose de amor, de amizade, de festa, de maturidade e de experiências lindas. :)


E sobre as aulas? Acho que é mais um fator que me faz querer seguir em frente. Porque mesmo querendo desistir, baixar a cabeça e chorar quando não entendo a pergunta, quando não sei o que é pra fazer na tarefa de classe e muito menos na de casa. Mas o fato de tomar coragem e pedir para falarem mais devagar, de olhar para as turminhas de amigos e lembrar das minhas, de aprender uma nova forma de pensar, é o que me faz acordar todo dia e pelo menos tentar dar o meu melhor. Mesmo que o meu caderno seja uma mistura doida de português e espanhol.

Vai parecer clichê falar isso, mas a saudade é algo que acalenta, conforta. Os lugares por onde passo lembram um pouquinho de cada pessoa especial para mim. Seja aquele lugar rústico, com um jardim maravilhoso... Ou os lugares permeados pela fé. Uma figura, uma música, um cantor. É como se naquele momento vocês estivessem perto de mim.

Mas por enquanto eu não quero voltar, talvez por não saber qual a sensação de fazer falta. Talvez por não querer voltar a rotina. Talvez por achar que a minha falta é melhor que a presença. Talvez por pensar que eu valorizo mais quando estou longe e não tanto quando estou por perto. Ou o contrário, por achar que sou mais valorizada quando estou longe, porque só o melhor lado de mim aparece.

Por falar em valor, quero mandar um beijo especial pros meus pais. Eu só queria dizer que para vocês, eu tenho o maior AMOR do mundo. Agora eu vejo que sou o espelho de vocês. A personalidade da mãe. O jeito sonhador do pai. Eu sei que adoro cada defeito de Inácia e cada não sorriso e Ricardo. Como dizem as músicas... Só em ver a foto de vocês na minha parede, eu sei que as coisas não tão ruins!! Eu só quero agradecer a vocês pelos melhores dias da minha vida!!


Com minhas amigas chinesas da classe de espanhol, aprendi um ditado chines, que diz:
"Perseverança é o caminho para a montanha do conhecimento. Trabalho duro é o barco que nos leva para o interminável mar do aprendizado."


BEIJOS BRASIL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



8 de agosto de 2012

México, agora é a sua vez

Quem me conhece, sabe. Eu não abro mão de uma aventura. Por mais que o medo seja grande, a vontade de voltar no passado seja maior ainda, eu sempre termino me arriscando. Quando eu recebi a notícia de que teria a oportunidade de passar um semestre estudando no México, o primeiro pensamento que veio a cabeça foi: ARRIBA! EU VOU! Mas - quem me conhece também sabe disso - como boa libriana que sou, vivo em dúvida. Já diria os poetas do Twitter: 'Odeio ter opções. Sempre escolho as erradas'.

Passei um tempo naquela indecisão sem jeito, desgraçada. Medo de que a família não fosse sentir minha falta, que os amigos fossem esquecer de mim. Medo de não fazer amizades no intercâmbio. Um pouco de insegurança também. Aquela agonia, sem saber onde viver, como estudar, como fazer provas, como me vestir. Mas eu decidi ir. A partir daí, já era uma escolha sem volta. Uma escolha que eu precisava fazer dar certo. Por querer surpreender, não só a mim mas aos outros também.

Dia 30 de julho de 2012 eu deixei toda minha vida pra trás, mais uma vez. Três anos se passaram depois do intercâmbio para a Califórnia. Naquela época, eu era uma adolescente. Agora, já me considero uma jovem adulta kkkkkkkkkk. Neste momento, a responsabilidade é maior e a incerteza sobre o futuro, maior também.

Cheguei em uma cidade no mínimo zilhões de vezes maior que o Recife. Uma cidade onde o trânsito não para. Onde a comida é muito diferente. O ar é muito seco e dificulta a respiração. As pessoas são cordiais, mas falam muito rápido, e por mais que os idiomas se pareçam, a sua cara de besta demora pelo menos dez segundos até desaparecer e você entender o que falaram. Certo estavam os Beatles quando disseram Ontem os meus problemas pareciam tão distantes. Hoje, eu e mais cinco almas perdidas no México lutamos para afastar os problemas.

Não é difícil, mas também não quer dizer que seja fácil. A adaptação é difícil e, apesar do pouco tempo, já passei por várias provas sem ter tido tempo de estudar a lição. Fiquei doente várias vezes, acordei sem conseguir respirar e o nosso hotel é assombrado e, QUE BOM, ainda não encontramos apartamento. Pra piorar, sentimos o chão tremer ontem.

Chorona como só eu consigo ser, desabei no choro quando peguei uma virose maldita e tudo o que eu queria era o colo da minha mãe e o dengo do meu pai. Poder gritar: PAIZINHO, PEGA REMÉDIO PRA MIM! ou MÃEZINHA, VEM ME COBRIR QUE EU TÔ COM FRIO. As lágrimas também vieram nos olhos enquanto eu estava no avião, assistindo um filme e Miley Cyrus cantou uma das minhas músicas preferidas. Os versos 'Eu tenho que continuar tentando, seguir com minha cabeça erguida. Sempre haverá outra montanha, e eu sempre vou querer tirá-la do caminho. Sempre haverá outra batalha e algumas vezes eu terei que perder', me fizeram chorar como não chorei no aeroporto. Lágrimas vieram nos meus olhos quando no primeiro dia de aula, eu sentei sozinha e não tinha minhas amigas para fofocar enquanto o professor não chegava. Ou quando eu comento algo muito engraçado, mas sei que só aquelas que me conhecem há muito tempo vão entender de verdade.

Detalhes de uma primeira semana inesquecível. O México é lindo. A cidade é caoticamente fascinante. As pessoas, os lugares, os cachorros, as casas, o colorido e o jeito de levar a VIDA. O clima, o fuso horário, as bebidas e as comidas estranhamente diferentes.

Mas há uma coisa que só eu conheço. Viagens servem para mim como uma oportunidade para amadurecer. Para sentir o que é AMOR quando se está longe. O que é FAMÍLIA quando não se tem brigas. O que é AMIZADE quando não há a convivência. O que é SAUDADE quando a distância atinge recordes. Experiências me dão vontade de deixar de ser quem sou para ser quem eu quero ser. Uma filha melhor, uma irmã mais compreensiva, uma tia mais presente e uma amiga mais única. Defeitos que eu odeio ter que carregar comigo e gostaria de jogar fora. Qualidades que me encantaria absorver e levar para sempre dentro de mim.

"Llegar a ser alguién significa llegar a ser otro distinto a sí mismo." (Francois Mauriac)